sábado, 16 de fevereiro de 2008

Vazio



Apelo ao vazio...
Por momentos extensos falo-lhe de ti, da tua complexidade,
da forma como te vejo e sinto.
Mas o vazio apenas se limita a ouvir-me, não comenta... não sorri... nem chora...
Sábio vazio o meu, que na ausência das suas palavras me ensinou, a reserva, mas também a tristeza do silêncio, e a frieza dos meus actos.
Quando lhe conto o quanto te amei... Sabes o que me diz?
-Mal posso acreditar no que me responde em tom tão subtilmente distante...
Nada... nada comenta ou responde senão um leve e singelo nada.
Por vezes sinto que nem o vazio me entende, por outras compreendo que apenas me ensina que amar é algo que não é para todos apenas para alguns contemplados na lotaria da vida ao sofrimento, abandono, traição, ilusão, e alguns bons momentos utópicos, que transparecem um mero reflexo do que de verdade deveria ser o amor.
Amo-te muito mais que muito, mas não sei se te posso querer, alias... Sei que não te quero e nem posso amar.
Amar-te será para mim o equivalente a um salto-elástico no escuro da noite sem saber o que há para lá do limite do esticar do elástico. É sentir-me balouçar nesse pendular elástico de pernas para no ar e trocar-me por aquilo que não sou... e nem sei se quero ser. É ambicionar o que já tenho... Pois o vazio já é o meu melhor amigo e confidente.

By Claudisabel