sábado, 30 de junho de 2007

A folha do meu livro...



Como se rasgam as folhas do caderno da vida?
Como se endireitam as rugas de uma folha amachucada, desse caderno?
Como se apagam os borrões sem conserto das linhas que nela se escrevem?
Onde se compram os livros da vida?
Onde se trocam?
Onde se reciclam?
Como se conservam?
Será por vezes suficiente apenas virar a pagina?
As folhas ja vividas são o passado... e como se esquecem se estão gravadas e imortalizadas nessas linhas absurdas das memórias desse livro?
E os rascunhos porque existem eles?
Os pontos finais, as virgulas e reticências, para não falar nas interrogações que faço eu com elas?
Não sei, confesso que não sei...
Apenas anseio a hora... que neste livro se escreva... fim.

By Claudisabel

sexta-feira, 29 de junho de 2007

O dia depois de ti

O dia depois de ti... consome um silêncio vazio em tudo o que se move, inodor em tudo o que tem cheiro, e incolor a todas as cores que traziam outrora significado à minha visão. Não quero mais estar assim, preciso de te perder, para de novo me encontrar, para de novo sorrir e viver, correr e gritar, ouvir e cantar, para poder contemplar o que existe em mim para alem de ti, e não consumir-me mais em ti...
Quero tirar este luto em que transformaste a minha vida, em que deterioraste a minha alegria de ser eu, para passar a ser tu e só tu.
Não quero mais entender e não ser entendida, não quero mais ouvir e não ser ouvida, não quero estar lá mais nas tuas quedas se os meus joelhos sangram de ninguém amparar as minhas quedas, não quero mais gritos se o meu silêncio é o único grito que consigo exprimir, não quero mais encontrar-te se só me sabes perder,não quero mais amar se não sabes o que significa dar, não quero mais evitar de ser eu, quando tu não sabes ser nós.

By Claudisabel





A VIDA É UMA GUERRA FEITA DE PERDAS E GANHOS... POR VEZES HÁ QUE SE SABER PERDER, PARA SE GANHAR...

domingo, 10 de junho de 2007

Amaromar



Nada sou, mais que um naufrago numa ilha perdida no tempo e abandonada no espaço, ansiando por uma mensagem de alento para não me dissuadir de te alcançar de novo. O mar bate todos os dias na areia, mas o que seria da areia sem o mar? Seria um deserto triste e desolador! Também este meu pequeno ser de areia precisa que a garrafa mensageira de boas novas, navegue pelo teu mar ate me alcançar e nos perdermos mar e areia rolando juntos na sensualidade mais erótica que alguém possa contemplar, a verdadeira pureza de amar, a simbiose que faz de nós uma execução completa que Deus permitiu que acontecesse...

By Claudisabel

Malmequer... bem me quer



Onde anda o meu amor?
malmequer bem me quer
onde se esconde?
malmequer bem me quer
porque se esconde ele de mim?
malmequer bem me quer
porque é que se me escorrega por entre os dedos ate desaparecer cada vez que me agarro a ele?
malmequer bem me quer
porque é que ele é a minha razão de existir?
malmequer bem me quer
Porque é que estou sequiosa de te sentir a pele em fusão com a minha?
malmequer bem me quer
Onde está o ar que libertas para que eu não sufoque
malmequer bem me quer
muito... pouco... nada...
É porque o amor é tão frágil como um despetalar do singelo malmequer, em busca de uma resposta positiva para o amor, como forma de acabar com um auto flagelo, que só surte como efeito colateral, no sucumbir de mais uma flor, e na continuação da ausência da resposta a todas estas duvidas...
A verdade é que as minhas mãos estão lá amor, em pedido de ajuda mas tu não estas lá para mas agarrares com todas as tuas forcas.

By Claudisabel


"O amor nasce de quase nada e morre de quase tudo"
Júlio Dantas

Morte



Devia morrer-se de outra maneira. Transformarmo-nos em fumo, por exemplo. Ou em nuvens. Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol a fingir de novo todas as manhas, convocaríamos os amigos mais íntimos com um cartão/convite para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje as horas. Traje de passeio". E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos escuros, olhos de lua de cerimonia, viríamos todos assistir a despedida. Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio. "Adeus! Adeus!" E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento, numa lassidão arrancar raízes.. (primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... ) a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se em fumo... tão leve... tão subtil... Tao pólen. como aquela nuvem ali,(vêem?)- nesta tarde de outono ainda tocada por um vento de lábios azuis...



By Anaritta