A viagem

Saí de malas e bagagens no meu calhambeque e nem o vento me travava o impulso, da ira com que fugi do passado, cansada de tudo, procuro no desatino constante, tudo o que perdi, e não sei se encontrarei, algum dia.
Peguei nos óculos de sol de lenço na cabeça, tipo artista de cinema dos anos 50, e pus-me a conduzir no silêncio aparente do radio que me acompanha. Curiosamente aprendi que estar só não deve ser um medo, mas sim, uma acto de reflexão.
Senti-me a desbravar caminhos que outrora temia ser capaz de os enfrentar sozinha.
Ao sabor do vento sinto a liberdade dos meus cabelos, que soltos, me guiam na direcção do que o coração diz.
Pergunto-me vezes sem conta onde irá levar-me esta aventura sem rumo, onde será o porto de abrigo desta viagem sem fim... Não faço ideia... Mas apenas sinto que é um caminho que tenho que traçar, por mim, sozinha... E assim compreender a essência de tudo e de todos os que me rodeiam, e até de mim mesma. Saber o que sou e não sou capaz, saber os meus próprios limites e regras de vida sem limitações ou imposições de quem quer que seja. Saber que eu sou eu e não o que alguém desejou que eu fosse, eu sou eu e não o que alguém teima em criticar como um defeito, sou livre, sem limites, sem barreiras, sem fronteiras, simplesmente... eu, nos defeitos e nas qualidades, na humildade e na arrogância, na inteligência e na ignorância, nos sorrisos e nas lágrimas, nos medos e na coragem, nas quedas e nas ascensões...
No calhambeque sigo o destino da vida, traçada pela busca da verdadeira aventura... que tem como nome próprio... Felicidade.

By Claudisabel