quarta-feira, 14 de março de 2007

A Carta de ti


Sentada no beiral da minha porta, estou esperando a tua carta, nas horas que passam e o carteiro não vem...
Coração este o meu irrequieto que não para de pular, quando vê alguém cruzar a esquina, na esperança de ser o mensageiro de noticias tuas... O tic-tác do relógio descompassado, de tanto lhe dar corda, traz o nervoso miúdo de não te saber bem ou mal
Os passos da rua confundem a minha esperança de te ter, ainda que naquele papelinho rectangular e branco de cubos as corezinhas no canto superior direito.
Que saudades tenho das tuas palavras mágicas em tom de caligrafia e as estórias quem me contas aos olhos vezes e vezes sem fim.
Saber-te aqui mas sem te ver, como o mágico que tira o seu coelho da cartola.
Mas o dia passa e o Sr. da bolsa a tiracolo não trouxe nada hoje para a ranhura que se encontra na minha portada, triste e sem alento, levanto-me do beiral num suspiro de angustia e perca, mas sem nunca desviar o olhar da ranhura de forma perfeita, e ai penso... amanhã será melhor dia, pois trago-te comigo no pensamento... Hoje, amanhã e sempre!





Barco Negro

De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]

Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:

São loucas! São loucas!

Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]

No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.

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